quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Apenas o começo.

Ele estava ali, deitado na banheira, coberto com aquela espuma branca como neve, e foi ai que pensei como um tom de vermelho vivo ficaria perfeito com ela.
Seus olhos estavam fechados e ele cantarolava uma canção tola. Eu apenas o observava, reparando em sua pele lisa e seus cabelos castanhos jogados para trás.
'Como eu te amo', era a unica coisa que pensava, foi então que sorri, ao mesmo tempo que ele abriu seus olhos e disse 'Eu já te disse que te amarei até a morte. querida?'
Eu levantei, fui até a banheira e beijei aqueles lábios macios. 'Mas e se o tempo fizesse isso se perder?' Eu pensava enquanto caminhava para a minha cadeira e voltava a fita-lo.

As vezes julgam alguns atos como egoístas, mas o amor é algo egoísta e eu precisava daquele amor pra mim, só pra mim.
Quando me lembro de como a espuma ficou vermelha e a tesoura cravada em sua garganta brilhava à luz do sangue, tenho certeza que aquela foi a maior prova de amor que tive.
O sorriso dele era fraco quando seus olhos se fecharam pela ultima vez, uma pena, eu amava seu sorriso.
Eu não me arrependo, a falta que eu poderia sentir dele é suprida com as lembranças que tivemos e a certeza de que ele realmente me amara até o fim!
Você pode dizer que sou louca, que merecia morrer por isso, mas ele, se pudesse voltar a vida, te diria que eu apenas fiz isso por ama-lo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Encontro.

Estava frio, um frio solitário que corta a pele quando o vento passa. Mas era dia, então em pequenos espaços o tímido Sol nos brindava, era fraternal.
Não que isso me chamasse a atenção na época, só depois de um tempo, analisando a situação com mais carinho pude notar esses elementos que me rodeavam.
Eu estava sentada em meu jardim, suas inumeras cores contrastavam com o cinza do céu. Minha cadeira, localizada no centro dele, tinha como par uma bela mesa de madeira talhada.
Nessa mesa estavam presentes uma xícara de chá preto e alguns biscoitos, que mais serviam aos pássaros do que a mim. Foi em um dos goles que tudo aconteceu.
As vezes nos achamos preparados pra certos tipos de situações, outras vezes não. Mas ninguem está preparado para isso, mesmo pessoas como eu que encaram isso perfeitamente bem.
Não fazia muito tempo que me mudara para o campo com a tentativa de me curar da tuberculose, há quem diga que a maldita será o mal do século.
Uma jovem pode ser boêmia tambem, pode perecer graças aos abusos inconsequentes. Sou prova disso, mas não me arrependo.
Voltando ao momento em questão...
Senti um cherio forte, de dama-da-noite (que ironia), eu amava aquele cheiro, me fazia sorrir. Em minha boca, repentinamente, veio o gosto daqueles suspiros que minha mãe fazia em minha infância.
Senti a sensação deles derretendo em minha lingua. Na minha pele veio o arrepio, mas não do frio que me envolvia, era um arrepio da água do mar batendo em minha pele quente do Sol.
Foi só então que meus olhos repararam numa forma que se movia em minha direção. Uns dizem que ela é horrivel, mas não acredite. Ela é bela!
Com um longo vestido branco, seus cabelos negros e groços balançavam com o vento, seus olhos pretos brilhavam e seus lábios pareciam envoltos em mel.
Sua pele era aveludada e branca como a neve que eu nunca tinha visto.
Ela sorriu para mim, sem me controlar sorri pra ela enquanto sentia minha pulsação diminuir, o ar sumir.
Ela era doce, era encantadora, sedutora!
Ao me oferecer sua mão, só então, eu percebi quem era aquela figura. Não quebrei o silêncio, eu a respeitava. Apenas entreguei-me em seus braços e fui.
Sabe, alguns temem a morte, outros a desejam, mas a morte não é única, ela é um momento em que você realmente se conhece, mas é o momento em que se deixa.
Então desfrute cada dia da sua vida e quando sua hora chegar saiba desfruta-la tambem.